Buscar a rede pública de saúde de Olinda parece ter se tornado um verdadeiro drama, composto de idas e vindas, ausência de respostas e muita dor de cabeça. Esta é a realidade enfrentada pelos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que, após inúmeras dificuldades para conseguir atendimento, acabam sendo penalizados quando recorrerem aos medicamentos gratuitos nas policlínicas distribuídas pela cidade.
| Suelene Rodrigues sofre com a falta de medicamentos antiepiléticos para tratamento do filho |
“Sinto-me completamente desassistida, já tentei de todas as formas e só recebo respostas negativas. Meu filho precisa deste remédio para viver e a demora só tem agravado seu estado de saúde. É um descaso”, desabafa a dona de casa Suelene Maria Rodrigues, de 48 anos, mãe do estudante Fernando Oliveira, que sofre com o aumento das convulsões durante crises epiléticas. Apesar de ter realizado o devido cadastro, ela denuncia que desde janeiro não encontra os comprimidos de Carbamazepina, utilizados três vezes ao dia pelo jovem.
Na Policlínica Rio Doce II, localizada na 2ª etapa do bairro de mesmo nome, a insatisfação dos usuários é crescente. Os pacientes enfrentam longas filas, saindo de casa bem antes de o sol nascer e vivenciam a incerteza, disputando por uma quantidade insuficiente de fichas distribuídas. “Esta é a terceira vez que venho aqui esta semana, sempre por volta das 4h30. Fico esperando a entrega da ficha e ao final alguém sempre fala que acabou ou o sistema ficou fora do ar. A única coisa que fazem é mandar a gente vir tentar outro dia. É um absurdo”
No local, uma representante, que se limitou a fornecer apenas o nome de Nívea e tentou impedir o acesso da equipe de reportagem, alegou que no momento a unidade de saúde está sem gerência, reconhecendo que os problemas realmente existem. “Dependemos do Centro de Abastecimento Farmacêutico (CAF), que gerencia este processo, nós apenas entregamos quando ele está disponível em nossa farmácia”, afirmou. No prédio do CAF, localizado no bairro de Ouro Preto, outras pessoas em busca de remédios reclamavam na portaria.
Grávida de seis meses e vítima de complicações, a dona de casa Jesiane Maria da Silva, de 25 anos, reclama da morosidade para conseguir marcar um exame de ultrassonografia. “Tenho que chegar aqui de madrugada e mesmo assim não há qualquer informação. Até as vitaminas que a médica passou eu não consigo encontrar aqui, tenho que conseguir dinheiro para comprar”, reclama, enquanto exibe a prescrição médica para sulfato ferroso, popular durante a gestação.
“Já procuramos outros postos e a situação é sempre a mesma, não tem remédio, não tem médico e a demora para conseguir marcar um exame é enorme” relatou Lúcia Maria Alves, de 59 anos, mostrando requisições de outros pontos da rede municipal, como a Policlínica Barros Barreto e a Unidade de Saúde da Família Beira Mangue I.
Procurada, a Secretaria de Saúde de Olinda declarou, em nota, que vem cumprindo o cronograma de entrega de medicamentos em todas as unidades. Em relação à Carbamazepina, o órgão declarou que foi prejudicado por um problema no fornecimento do fabricante, que teria atingido todo o estado, algo que já estaria resolvido. Sobre a dificuldade para marcação, a secretaria alegou que o problema foi pontual, devido a uma temporária inoperância do sistema, ressaltando que todos os pacientes obtiveram êxito em suas marcações.
Via Folha de Pernambuco
Foto:Laila Santana/Folha de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário