Pernambuco vem enfrentando há alguns anos um aumento de usuários de crack. De acordo com o Ministério da Saúde, o Estado concentra cerca de 60 mil viciados da droga. Considerada de baixo custo e de rápida viciação, a entorpecente pode receber um “primo” concorrente que está se espalhando pelo Brasil de maneira veloz e silenciosa. Essa nova ameaça se chama Oxi, abreviatura do termo oxidado. A droga é composta pela mistura do resto não refinado da pasta base da cocaína com elementos altamente tóxicos, como cal virgem e querosene, que a tornam muito mais barata para os bolsos dos viciados e perigosa ao organismo.
A cor da pedra de Oxi varia pela quantidade das substâncias que foram inseridas na preparação da droga. Se tiver a cor branca, indica uma maior presença de cal virgem; se amarelada, a quantidade de querosene é maior. Dependendo da fórmula do traficante, o entorpecente pode conter, ainda, gasolina, diesel, cimento, acetona, ácido sulfúrico, amônia, soda cáustica e, até, solução líquida de bateria de automóveis. De fácil fabricação e por conta dos ingredientes serem vendidos sem restrição, o Oxi é mais potente, concentrando até 80% do princípio ativo da cocaína (o crack chega no máximo a 40%), além de ser mais barato. Cada pedra da droga custa, no máximo, R$ 5.
Quando fumada, o Oxi leva poucos segundos para chegar ao cérebro, e o seu efeito dura, até, quatro minutos. Após curta sensação de euforia, o viciado sente forte necessidade de consumir a droga novamente. Esse momento é chamado de “fissura”. Para continuar com efeito, o usuário acaba fumando uma pedra atrás da outra, aumentando os riscos de ter uma overdose ou outras complicações. Ao contrário do crack, que libera uma fumaça branca, a nova droga exala uma fumaça negra por conta de seus elementos.
Segundo informações da Polícia Federal, o entorpecente chegou ao Brasil através das fronteiras na Região Norte com países como a Bolívia e o Peru. A PF já realizou apreensões no Acre, Amazonas, Maranhão e no Piauí. Em Rio Branco, capital do Acre, a situação já pode ser considerada como calamidade pública, pois a polícia local afirma que não há bairro da cidade em que a droga não esteja sendo vendida e consumida. Informações extraoficiais dão conta que o estado do Piauí já registra 18 mortes que podem ter sido provocadas pelo Oxi. A droga também foi encontrada nos estados do Pará, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Amapá, Rondônia, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e, recentemente, em São Paulo.
Na capital paulista, a polícia apreendeu na semana passada um tablete de meio quilo da droga com um casal e cerca de mil papelotes com uma traficante na região da Cracolândia, ponto de uso de drogas que chega a receber 400 viciados por dia. Como é visualmente muito parecido com o crack, o Oxi pode passar despercebido em algumas operações de recolhimento. Uma das formas de identificação que está sendo usada pelas autoridades é a incineração, que quando aplicada no crack, a droga se transforma em um pó, e no Oxi, o entorpecente se derrete e libera um líquido escuro com um cheiro muito forte de combustível.
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